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Por que sentimos insegurança diante de mudanças?

  • ConectaSer
  • 20 de jan.
  • 3 min de leitura

Você já se sentiu ansioso diante de uma mudança iminente? Seja um novo emprego, um relacionamento que começa ou até mesmo uma simples mudança de rotina, o novo muitas vezes nos causa um desconforto profundo. Lacan, um dos maiores psicanalistas do século XX, oferece uma perspectiva sobre por que nos sentimos assim.


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O Desconhecido e o Inconsciente

Imagine a sensação de estar em um território completamente novo, onde nada parece familiar. Lacan nos ensina que nosso inconsciente é estruturado como uma linguagem, cheia de símbolos e significados que dão sentido ao nosso mundo. O novo, por sua própria natureza, representa algo que ainda não foi assimilado por essa estrutura simbólica. É como tentar ler um livro em um idioma que você não conhece – frustrante e desorientador. Essa incapacidade de entender e controlar o novo gera insegurança e ansiedade.


O Grande Outro e a Questão do Sentido

Lacan fala do "Grande Outro", uma espécie de entidade simbólica que representa as leis, normas e a cultura que moldam nossa vida. Quando algo novo aparece, nossa relação com o Grande Outro é desafiada. Talvez você tenha começado um novo trabalho e sinta que não se encaixa nas normas não ditas do local. Ou quem sabe um novo relacionamento esteja revelando aspectos de você mesmo que você não conhecia. Essas situações nos fazem questionar nosso lugar no mundo e nosso valor, gerando uma sensação de insegurança.


O Desejo e a Falta

Você já se pegou desejando algo intensamente, apenas para se sentir ainda mais inseguro quando finalmente está ao alcance? Para Lacan, o desejo é impulsionado pela falta – estamos sempre buscando algo que acreditamos estar faltando em nós. O novo intensifica essa sensação, pois abre possibilidades e desejos que ainda não havíamos considerado. Isso pode ser avassalador, pois nos força a confrontar partes de nós mesmos que preferimos manter escondidas.


A Angústia do Real

Lacan nos fala de três registros: o Imaginário, o Simbólico e o Real. O novo pode perturbar o equilíbrio entre esses registros, trazendo à tona o Real – aquilo que é impossível de ser completamente compreendido ou simbolizado. A proximidade com o Real gera angústia, pois nos deparamos com algo que está além da nossa capacidade de controle. Talvez você esteja começando algo novo e se sinta perdido, sem saber exatamente como proceder ou o que esperar. Essa sensação de estar à deriva é a angústia do Real se manifestando.



Transformação e Crescimento

Apesar da insegurança que o novo traz, é através dessas experiências que crescemos e nos transformamos. A psicanálise lacaniana nos convida a explorar esses sentimentos, a entender suas raízes no inconsciente e a buscar formas de integrar o novo em nossas vidas de maneira saudável. Ao enfrentar o novo, podemos descobrir mais sobre nós mesmos e nossas capacidades, transformando a insegurança em uma oportunidade de crescimento pessoal.


Conclusão

Lembre-se: a insegurança diante do novo é um convite para explorar seu próprio eu, entender seus desejos e transformar suas experiências em oportunidades de crescimento. Você não está sozinho nessa jornada, e cada passo que você dá é um avanço em direção a um entendimento mais profundo de si mesmo e do mundo ao seu redor.




Referências

Lacan, Jacques. Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998.

Lacan, Jacques. O Seminário, Livro 11: Os Quatro Conceitos Fundamentais da Psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1985. 


 
 
 

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